sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Erythrina


Benth
Nome vulgar: inúmeros, sendo os principais, mulungu (MG,RJ, SP), corticeira (RS), suinã (SP, MG), canivete (MG), sinanduva (SC). O nome científico vem do latin, erythros (vermelho) em referência à cor das flores.

Espécie em destaque: E.falcata, uma das cerca de 108 espécies arbóreas deste gênero. Apresentam folhagem descídua e floração muito vistosa em tons de vermelho ou alaranjado, dispostas nas extremidades dos ramos, em rácemos de até 30 cm de comprimento, florescendo na primavera, entre julho e novembro, dependendo da latitude. A espécie em destaque atinge de 10 a 20 m de altura, apresentando acúleos (um tipo de espinho) tanto nas hastes como na folhagem. As flores são polinizadas pelas aves, principalmente, os beija-flores. Tolera sombreamento moderado mas é pouco tolerante ao frio e prefere solos úmidos e férteis com boa drenagem.

Uso: Escolhida como árvore-símbolo da Embrapa Agrobiologia, o mulungu tem inúmeras aplicações ligadas à agroecologia.

Por ser propagado vegetativamente, através de estacas, e se beneficiar do processo de fixação biológica de nitrogênio, dispensando adubos nitrogenados, é recomendado como moirão vivo e para o enriquecimento e arborização de pastagens onde a característica espinhosa facilita sua introdução. É recomendado também para a recuperação de matas ciliares e de ecossistemas degradados e na manutenção da fauna silvestre, pois suas flores atraem aves.
É recomendado também para o sombreamento de culturas perenes, como o cacau, aceitando transplantio de mudas com até 2 m de altura.

A madeira leve, branca ou amarelada, não tem durabilidade, sendo pouco usada no Brasil, geralmente na confecção de palitos, brinquedos, estojos, tamancos, fósforos e urnas funerárias. Como lenha, tem baixo poder calorífico mas é adequada para a produção de celulose e papel.

A exuberante beleza das árvores fazem do mulungu uma espécie altamente decorativa mas ainda pouco usada na arborização urbana.

O mulungu, assim como cerca de 51 espécies dentro do gênero Erythrina, produz alcalóides do grupo curare, utilizado pelos índios para entorpecer os peixes. Na medicina popular, a casca e as semente são usadas como calmante de tosse e nas afecções bucais. É também empregada nas doenças de fígado.

Nodulação: As eritrinas formam simbiose com o rizóbio do grupo caupi de inoculação cruzada, nodulando abundantemente, e formando nódulos grandes, esféricos e muito ativos.

Propagação: Propagam-se facilmente por sementes ou por meio de estacas.

Ambiente: As eritrinas são nativas das regiões tropicais e subtropicais da América. Sua área de ocorrência abrange Mata Atlântica (desde o sul de BA), na Floresta de Araucária (até o RS), atingindo o Cerradão (sul de MS e MG). Ocorre também na Argentina, Bolívia, Paraguai e Peru. É uma espécie secundária tardia de ocorrência irregular, abundante em capoeiras, no sopé das encostas de serras, grotas e nas margens de cursos de água.

Referências: Allen & Allen 1981, Leguminosae. University of Wisconsin Press, Madison., Carvalho, P.E.R. 1994, Espécies Florestais Brasileiras-Recomendações silviculturais, potencialidades e uso da madeira. EMBRAPA-CNPF/SPI, Lorenzi, H. 1992. Árvores Brasileiras, Editora Plantarum LTDA.

Maria Cristina Prata Neves
Embrapa Agrobiologia

Crotalária


L. Nome vulgar: crotalária. O nome se refere ao som de chocalho das vagens secas, semelhante ao da cascavel (Crotalus sp.) Espécies: cerca de 550 espécies são conhecidas, muitas são herbáceas, anuais ou perenes, havendo espécies arbustivas. As flores geralmente são amarelas, às vezes estriadas com vermelho, dispostas em rácemos vistosos.

Usos: O principal uso das crotalárias é na adubação verde e cobertura do solo por serem plantas pouco exigentes e com grande potencial de fixação biológica de nitrogênio.

C. juncea é a espécie de crescimento mais rápido e tem sido muito usada como adubo verde em rotação com diversas culturas e no enriquecimento do solo. A incorporação das plantas ao solo pode ser feita após 8 a 10 semanas. O aporte de N ao sistema solo/planta é estimado entre 100 e 300 kg N/ha/ano. Esta espécie é também usada no controle de nematóides em canaviais.

Muitas espécies de crotalária são melíferas, atraindo abelhas e mangangás. O plantio junto com maracujá potencializa a polinização dessa cultura, aumentando a produção.

Várias espécies de crotalária são capazes de tolerar metais pesados. C. cobalticola é cobaltófila. Como o cobalto interfere no metabolismo do ferro, essencial para a produção da clorofila, sintoma de clorose nesta espécie é usado como indicativo na prospecção de cobalto. C. florida var. congolensis é manganófila, tolerando altos teores de manganês, enquanto C. cornettii e C. dilolensis são cuprófilas e usadas como indicadoras na prospecção de jazidas.

C. juncea produz fibra tão boa quanto a da juta, sendo usada na confecção de cordas, sacos, tapetes e cestas. Como o teor de cinza é muito baixo, a fibra da crotalária é usada na fabricação de lenços de papel de alta qualidade e papéis de cigarro.

A ingestão de C. sagittalis, C. sericea e numerosas outras espécies de crotalária pode causar intoxicação em animais. A doença é conhecida como crotalismo, causada por alcalóides existentes nas folhas que danificam o fígado dos animais.

As espécies C. spectabilis e C. juncea têm sido recomendadas para o tratamento de diversas doenças de pele (sarna, impetigo, psoríase).

Nodulação: As crotalárias nodulam fácil e abundantemente com espécies de rizóbio de crescimento lento, agrupadas no chamado grupo caupi de inoculação cruzada. Os nódulos são cilíndricos com bifurcações. Nódulos ineficientes são pouco comuns.

Representantes deste grande gênero estão bem distribuídos nas regiões tropicais e cerca de 400 espécies ocorrem na África. As crotalárias são plantas rústicas que crescem bem em solos secos, arenosos, cascalhentos e mesmo em áreas arenosas de região costeira. No Brasil, ocorrem naturalmente em beira de estradas.

Referências: Allen & Allen 1981, Leguminosae. Madison: University of Wisconsin Press; Calegari et al. 1992, Adubação verde no sul do Brasil. Rio de Janeiro: AS-PTA; Duke, 1981, Handbook of legumes of world economic importance. New York: Plenum Press; Souto et al 1992. Outros usos de leguminosas convencionalmente utilizadas para adubação verde. Itaguaí: EMBRAPA-CNPBS, Série Documentos 11; Duque et al. 1986. Utilização mais intensiva e diversificada de adubos verdes. A Lavoura pp 21-23.


 

Maria Cristina Prata Neves
Embrapa Agrobiologia

Agora é oficial: Estirpes para feijão-caupi são recomendadas como inoculante.


Norma Rumjanek e Gustavo Xavier


Experimento de feijão caupi inoculado
em área de sequeiro no semi-árido

A adoção de tecnologias sustentáveis no setor agropecuário, que permitam a conservação dos recursos naturais e promovam uma melhoria na qualidade de vida da população configura-se como um componente importante para garantir cidadania e dignidade aos agricultores. Dentre os processos que contribuem para a sustentabilidade neste setor, a fixação biológica de nitrogênio (FBN) é capaz de garantir o desenvolvimento da maioria das espécies de leguminosas cultiváveis, suprimento a nutrição do nitrogênio.

A região Semi-árida brasileira caracterizada pela baixa precipitação, estiagens prolongadas, altas temperaturas e muitas vezes baixa fertilidade do solo, abrange uma área de 95 milhões de hectares, dos quais somente 3% são passíveis de serem irrigados. A área necessita de um sistema de manejo que considere tanto a sustentabilidade econômica como social, bem como as limitações de clima característicos.

O feijão-caupi é uma cultura bem adaptada a essa região, que constitui um importante recurso alimentar para a população, e é capaz de se beneficiar do nitrogênio proveniente da FBN, que pode ser maximizado a partir da inoculação de estirpes de rizóbio eficientes e adaptadas às condições regionais. A partir de testes de seleção de estirpes desenvolvidos pela Embrapa Agrobiologia (Seropédica/R$J) e Embrapa Semi-Árido (Petrolina/PE) foi observado que a estirpe BR 3267 proporcionou ganhos de produtividade para a cultura do feijão-caupi de até 30% em experimentos de campo e de até 52% em áreas de agricultores experimentadores. A estirpe BR 3267 foi isolada de solos da região e portanto, é capaz de tolerar as condições de estresse de temperatura e água geralmente observados durante a maior parte do ano no Semi-árido.

Como forma de regulamentar a questão, recentemente a RELARE (Rede de laboratórios para recomendação, padronização e difusão de tecnologia de inoculantes microbianos de interesse agrícola) reconheceu a estirpe BR3267 (SEMIA 6462) para uso em feijão-caupi e o MAPA, através da Secretaria de Defesa Agropecuária passou a incluir essa estirpe na relação dos microrganismos autorizados para produção de inoculantes para feijão-caupi no Brasil. Além dessa estirpe, mais duas compõem esta lista UFLA 3-84 (SEMIA 6461) e INPA 3-11B (SEMIA 6463).

A Embrapa Agrobiologia em conjunto com a Embrapa Semi-árido, Embrapa Meio-Norte (Teresina/PI) e Embrapa Roraima (Boa Vista/RR) e Universidades (UFRPE, UNEB, UEPB), consolidaram uma rede para teste de inoculação do feijão-caupi para avaliação da eficiência agronômica destas estirpes, cujos resultados finais devem ser concluídos na safra 2006.

Estes dados indicam o quanto o agronegócio do feijão-caupi pode expandir com a inoculação de estirpes de rizóbio, contribuindo para aumentar a produtividade da cultura, a qualidade de vida do agricultor e o progresso da região.

No Brasil existem cerca de dez empresas cadastradas para a produção de inoculantes. Pedidos de inoculantes devem se solicitados diretamente à estas empresas.

Artigo publicado no Site www.cultivar.inf.br , em 23 de junho de 2006

A Importância da Matéria Orgânica para o Cafeeiro



Marta dos Santos Freire Ricci

Pesquisadora da Embrapa Agrobiologia, Doutora em Fitotecnia, Caixa Postal 74505, CEP 23851-970, Seropédica, RJ

Um solo ideal é constituído por minerais (45%), poros ocupados pelo ar (25%) e pela água (25%), pela matéria orgânica (5%) e microrganismos, podendo a proporção de cada uma destas partes variar bastante de solo para solo, embora nos solos tropicais os teores de matéria orgânica dificilmente ultrapassam 2%.

A matéria orgânica do solo (MOS) é resultante da deposição natural de resíduos vegetais (exudados e/ou morte de raízes, queda de folhas, galhos, frutos, etc) e animais (excrementos e/ou morte da biota) que chegam ao solo, podendo ter a sua origem também no próprio homem, por meio da adubação orgânica feita com estercos (bovinos, de aves e de suínos), compostos orgânicos preparados na fazenda, adição de resíduos vegetais, tais como restos culturais ou adubos verdes plantados com a finalidade de incorporação ao solo.

Sabe-se que a MOS tem efeito direto sobre as características físicas, químicas e biológicas do solos, sendo considerada uma peça fundamental para a manutenção da capacidade produtiva dos solos em qualquer ecossistema terrestre. Do ponto de vista físico, a MOS melhora a estrutura do solo, reduz a plasticidade e a coesão, aumenta a capacidade de retenção de água e a aeração, permitindo maior penetração e distribuição das raízes. A MOS atua diretamente sobre a fertilidade do solo por constituir a principal fonte de macro e micronutrientes essenciais às plantas, como também indiretamente, através da disponibilidade dos nutrientes, devido à elevação do pH, além de aumentar a capacidade de retenção dos nutrientes, evitando suas perdas. Biologicamente, a MOS aumenta a atividade da biota do solo (organismos presentes), sendo fonte de energia e de nutrientes para a mesma.

Nas últimas décadas, a preocupação com a rápida degradação dos solos agrícolas no mundo, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais, onde as elevadas temperaturas e umidade são mais propícias à decomposição da MOS, despertou grande interesse pela qualidade do solo e pela sustentabilidade da exploração agrícola. Surgiram assim, vários conceitos de qualidade do solo, entre os quais está o de Doran & Parkin, citado por Mielniczuk (1999), que define a qualidade do solo como sendo a sua capacidade em manter a produtividade biológica, a qualidade ambiental e a vida vegetal e animal de forma saudável na face da terra.

O teor de MOS está intimamente relacionado ao manejo adotado (adubação, preparo de solo, método de controle de invasoras etc), sendo por esta razão, utilizada para monitorar a qualidade do solo em sistemas agrícolas para que intervenções sejam realizadas a tempo de evitar sua degradação.

O cultivo de espécies perenes, tais como café, fruteiras entre outras, geralmente favorece o acúmulo de matéria orgânica no solo, em função de diversos fatores, tais como menor revolvimento da camada arável, maior entrada de biomassa vegetal através de podas, quedas de folhas, galhos, ramos e frutos e maior proteção do solo contra erosão.

Atualmente, fala-se muito do café produzido de forma orgânica (café orgânico), sistema de produção que evita ou exclui o uso de agroquímicos e de adubos minerais de alta solubilidade. Entretanto, considerando-se os benefícios da MOS para os agroecossistemas, a manutenção dos seus teores torna-se igualmente importante para os sistemas tradicionais de cultivo, devendo a sua aplicação ser realizada sempre que possível, mesmo que os programas de adubação sejam constituídos predominantemente por formulações minerais comerciais, como também é bem vinda a adoção de práticas de manejo que favoreçam o acúmulo ou a manutenção da MOS, tais como plantio direto, adubação verde, uso de cobertura morta, roçada do mato ao invés da capina completa, práticas de controle da erosão etc.

Como foi mencionado anteriormente, a MOS melhora as características físicas, químicas e biológicas dos solos, sendo considerada uma substância condicionadora. Um exemplo da importância da sua aplicação, mesmo na cafeicultura tradicional reside no fato de que possui o poder de adsorver ou reter nutrientes, tais como potássio, cálcio, magnésio, manganês, ferro, cobre, zinco, amônio, sódio etc, liberando-os posteriormente para as plantas. A vantagem desta retenção está na diminuição das perdas por lixiviação. Esta retenção pode ser entendida tomando-se como exemplo a atração que o ímã realiza quando em contato com limalhas de ferro, as quais ficam aderidas ao ímã, sem contudo, fazerem parte de sua composição ou estrutura molecular. Por exemplo, em solos pobres em matéria orgânica, o potássio aplicado via fertilizantes minerais, é facilmente deslocado para as camadas mais profundas do solo pela água das chuvas ou da irrigação, comprometendo o retorno econômico esperado com a aplicação do fertilizante, o qual poderia ser potencializado caso o teor de MOS estivesse em níveis adequados.

Portanto, a manutenção dos teores de MOS, quer seja através da aplicação de adubos orgânicos, quer seja através de outras práticas de manejo, torna-se indiscutivelmente necessária à recuperação e/ou manutenção de potencial produtivo de qualquer sistema agrícola.

Dentre as várias fontes de matéria orgânica para os solos, podem ser citadas as aplicações de adubos ou insumos orgânicos, entre os quais os mais importantes são, os estercos (de ruminantes, não-ruminantes e aves), os compostos, a adição de biomassa vegetal por meio de podas, o uso de cobertura morta ou de cobertura viva (adubação verde) e o cultivo de árvores associadas à cultura principal, conhecidos como sistemas agroflorestais.

A fim de reduzir os custos com transporte, o produtor deve buscar sempre utilizar resíduos orgânicos disponíveis na região, levando em consideração a distância da fonte até o local onde será utilizado.

Entre os estercos, estão os provenientes de bovinos, eqüinos, caprinos, suínos, ovinos, aves e coelhos, cuja a composição química varia com a idade do animal, com a espécie e a alimentação (Tabela 1). Animais que são alimentados com ração geralmente produzem estercos com maiores teores de nutrientes. Por esta razão, espera-se que o esterco proveniente de gado de leite seja de melhor qualidade que o de gado de corte. Antes de serem utilizados, os estercos devem ser curtidos (envelhecidos naturalmente) ou, de preferência compostados, por duas razões: para evitar a fitotoxidez ou "queima" das plantas e porque, com a elevação da temperatura durante a decomposição, é possível eliminar microrganismos patogênicos e reduzir a presença de sementes de ervas invasoras.

Tabela 1. Teores médios de nitrogênio contido em diferentes fontes de adubo orgânico.

Esterco de curral

Est. gado leiteiro

Esterco de galinha

Esterco de suínos

Composto orgânico

c/ maravalha

s/ maravalha

1,71 %

1,10%

2,74 %

3,35 %

2,32 %

1,13 %

Fonte: De-Polli et al. (1988).

Outra boa fonte de matéria orgânica são os compostos orgânicos, resultado de uma mistura de resíduos orgânicos de origem animal e vegetal, submetidos ao processo de compostagem, um processo onde os microrganismos (bactérias, fungos e actinomicetos) são os decompositores. A composição química dos compostos é muito variável, porque depende dos resíduos utilizados. A compostagem, além de eliminar microrganismos patogênicos e reduzir a presença de sementes de invasoras, acelera a decomposição (Foto 1). Para saber como fazer um composto, o leitor pode acessar a página da Embrapa Agrobiologia > publicações on line > Sistemas de Produção > Cultivo do café orgânico.

Os resíduos utilizados para cobertura morta do solo, provenientes da lavoura ou de agroindústrias, tais como palha de café, bagaço de cana, etc. No café, é comum o produtor utilizar a palha de café para este fim, protegendo o solo da erosão, do ressecamento e contribuindo para elevar o teor de matéria orgânica. Entretanto, é importante observar que os resíduos de culturas são materiais geralmente ricos em carbono e pobres em nitrogênio, visto que este nutriente, assim como demais, são retirados pelas colheitas. Geralmente, quanto maior o teor de carbono e menor o de nitrogênio nos resíduos (relação C:N), mais difícil e vagarosa é a sua decomposição.

O uso de adubos verdes (cobertura viva do solo) é outra forma muito utilizada pelos produtores com o objetivo de incorporar matéria orgânica ao solo e controlar o mato no verão, reduzindo a necessidade de capinas. Considera-se cobertura viva do solo toda vegetação presente, quer de procedência cultivada ou espontânea, inclusive o mato. Os adubos verdes são plantas cultivadas no local ou trazidas de fora, que são incorporadas ao solo com a finalidade de preservar a fertilidade das terras, podendo ser utilizados em consórcio, rotação de culturas, cercas-vivas, quebra-ventos, faixas de contorno e beiras de estrada. A utilização de biomassa vegetal como fonte de matéria orgânica representa uma oportunidade para o produtor diminuir a necessidade de insumos por serem ótimos recicladores de nutrientes no sistema.

A presença de vegetação cobrindo o solo, protege-o do impacto das chuvas e consequentemente, de sua desagregação e posterior erosão. A fitomassa aumenta a infiltração e a capacidade de retenção de água, a porosidade e a aeração do solo. A massa vegetal roçada e deixada em cobertura ou incorporada ao solo, além de atuar como fonte de carbono e nutrientes (fonte energética), atenua as oscilações de temperatura e umidade, intensificando a atividade biológica.

Em um experimento conduzido pela Embrapa Agrobiologia com café arábica plantado no espaçamento 2,5 x 0,7m, foi cultivada nas entrelinhas do café a leguminosa Crotalaria juncea para fins de adubação verde. A crotalária produziu 16 toneladas de fitomassa seca por hectare, que serviu como adubo orgânico para o cafeeiro. Após a sua decomposição, foi possível reciclar 444, 21, 241, 191 e 44 kg/ha de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, respectivamente, considerando-se uma poda a meia altura realizada aos 76 dias após o plantio, e o corte aos 175 dias (Foto 2).


Foto 1. Crotalaria spectabilis cultivada
nas entrelinhas de uma lavoura de café
arábica para fins de adubação verde.

Em outro experimento, também conduzido pela Embrapa Agrobiologia, em Paty de Alferes, RJ, com café arábica, a Crotalaria spectabilis foi cultivada nas entrelinhas como adubo verde (Figura 1 ), tendo sido produzida 1,99 toneladas por hectare de biomassa aérea seca, que permitiu a reciclagem de 39; 4,5; 7,3; 5,9 1,0 kg/ha de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, respectivamente (Foto 1).

Um aspecto a ser considerado pelo produtor é que apenas a utilização de adubos verdes não supre totalmente as exigências nutricionais do cafeeiro, havendo a necessidade de se utilizar outras fontes de adubos minerais e/ou orgânicas a fim de complementação.

A quantidade de adubo orgânico a ser aplicado deve ser calculada de acordo com a fertilidade do solo e com o material orgânico a ser utilizado. O ideal é buscar aconselhamento com um agrônomo antes de aplicar. Se a lavoura for orgânica, a dose a ser aplicada deverá ser calculada em função do teor de nitrogênio existente no material utilizado (ver Tabela 1), procurando suprir a exigência do cafeeiro por este nutriente.

A população de plantas "invasoras" ou "daninhas" também pode ser considerada uma importante fonte de matéria orgânica para o cafeeiro. Antigamente, era comum o produtor deixar as entrelinhas completamente livre dessas plantas, pelo temor que havia da competição que elas poderiam exercer sobre o cafeeiro. Considerava-se tais plantas como "daninhas" por se considerar que causavam mais danos do que benefícios. Hoje em dia, já é sabido que nem toda planta invasora é considerada daninha. Tal idéia é defendida considerando-se os seguintes fatos: essas plantas são capazes de reciclar nutrientes das camadas mais profundas do solo para a superfície, disponibilizando-os novamente ao cafeeiro; promovem a descompactação do solo; protegem o solo da erosão e da insolação; aumentam a aeração e a retenção de água dos solos; servem de abrigos para inimigos naturais auxiliando no controle biológico de pragas e são capazes de reciclar expressivas quantidades de nutrientes, comportando-se desta maneira como adubos verdes. Com base neste conhecimento, o ideal é que o produtor faça a capina manual completa na linha, abrangendo uma faixa ligeiramente mais larga que a projeção da copa do cafeeiro, deixando-a livre de invasoras, evitando a competição das invasoras por água e nutrientes. Nas ruas ou entrelinhas as invasoras não devem ser erradicadas totalmente, mas sim, manejadas ou controladas por meio de roçadas com foice, roçadeira tratorizada ou tipo costal.


Fig 2. Sombreamento de uma lavoura de café
Conilon com a leguminosa arbórea Erythrina
poeppigiana

Outra opção que o produtor pode dispor como fonte de matéria orgânica é o cultivo de árvores e arbustos associadas ao cafeeiro. O cafeeiro por ser uma espécie originária de florestas caducifólias da Etiópia, se beneficia com um sombreamento ralo, entre 20 a 40%. As árvores além de criarem um microclima favorável ao cafeeiro, são capazes de extrair os nutrientes das camadas mais profundas do solo e devolvê-los para os solos através da queda natural ou da poda de folhas, galhos, ramos e frutos, que ao decomporem são incorporados ao solo, fazendo com que as árvores tenham um importante papel na ciclagem de nutrientes para o sistema cafeeiro (Fotos 4 e 5). Heuveldop et al. (1985) obtiveram um aporte médio de 20 t/ha/ano de resíduos orgânicos de Erythrina poeppigiana, dos quais 7.6 t/ha/ano foram oriundos de quedas naturais e, 12.4 t/ha/ano das podas.

É importante que o cafeicultor tenha em mente que a MOS não é simplemente sinônimo de adubação, e que seus benefícios vão mais além da questão nutricional, especialmente quando se considera a microbiologia do solo, atualmente muito considerada pelos especialistas em solos. Portanto, o produtor que desejar obter boas colheitas, deve investir no manejo do sistema de forma a aumentar ou preservar a sua matéria orgânica.

Artigo publicado na revista Campo e Negócios (julho/2006)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Controle Biológico: na busca pela sustentabilidade da agricultura brasileira




Elen de Lima Aguiar Menezes

Engenheira Agrônoma, Ph.D. em Entomologia Agrícola, Pesquisadora da Embrapa Agrobiologa. Rodovia BR 465, km 7, Seropédica, RJ 23890-000

Nos últimos anos, especialmente após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), a humanidade tem-se mostrado preocupada, de forma crescente, com os problemas de conservação da qualidade do meio ambiente provocados por uma ampla gama de atividades humanas, incluindo os relacionados à exploração agropecuária. Essa preocupação tem resultado na busca pelo setor agropecuário de tecnologias para a implantação de sistemas de produção de enfoque ecológico, rentáveis e socialmente justos. Como resposta a essa demanda, a pesquisa científica tem avançado no desenvolvimento de soluções tecnológicas para uma agricultura sustentável.


Figura 1. Cadeia alimentar: couve – insetos
fitófagos-praga (vaquinhas, lagartas e
pulgões) – inimigos naturais (parasitóides
e predadores)

A agricultura sustentável, produtiva e ambientalmente equilibrada, apóia-se em práticas agropecuárias que promova a agrobiodiversidade e os processos biológicos naturais, baseando-se no baixo uso de insumos externos. Infere-se daí que o controle biológico é uma alternativa promissora para o manejo de pragas em sistemas agrícolas sustentáveis, visto constituir-se num processo natural de regulação do número de indivíduos da população da praga por ação dos agentes de mortalidade biótica (Figura 1), os quais são também denominados de inimigos naturais ou agentes de controle biológico.

O homem através dos tempos, descobriu como manipular ou manejar esses inimigos naturais para uso na agricultura, daí surgindo o Controle Biológico Aplicado como uma biotecnologia baseada na utilização recursos genéticos microbianos, insetos predadores e parasitóides para o controle de pragas, especialmente os insetos e ácaros fitófagos, nos sistemas de produção agrícola.

No século III, os chineses se valeram da predação de formigas (Oecophylla smaragdina) para o controle de pragas de citros, marcando o início da história do uso do controle biológico de pragas agrícolas. Todavia, somente no século XX é que o controle biológico passou a ser objeto de pesquisas constantes para sua implantação de forma mais presente e intensiva nos ecossistemas agrícolas.

Na agricultura convencional, os inimigos naturais são geralmente utilizados como um método complementar aos agrotóxicos no manejo integrado de pragas, enquanto que na agricultura orgânica, eles se inserem em substituição a esses produtos químicos sintéticos. Todavia, a tendência do controle biológico é aumentar consideravelmente no âmbito global, atendendo às demandas mundial pela utilização de práticas agrícolas menos agressivas ao meio ambiente, uma vez que em comparação ao controle químico, o controle biológico tem as seguintes vantagens: protege a biodiversidade, maior especificidade e, portanto, com menor risco de atingir organismos não-alvos, não deixa resíduos tóxicos em alimentos, água e solo e aumenta o lucro do produtor, uma vez que tender a ser mais barato que os agrotóxicos.

Estratégias de controle biológico: potencial, riscos e desafios

Basicamente, existem três estratégias pelas quais os inimigos naturais podem ser manejados pelo homem para que causem redução no nível populacional de uma praga, objetivando mantê-la abaixo do nível de dano econômico, a saber:

   Controle Biológico Clássico – Envolve a importação de agentes de controle biológico da região de origem da praga, seja de um país para outro, ou de uma região para outra, de modo a estabelecê-los permanentemente como novos elementos da fauna local.

O primeiro caso de sucesso de controle biológico clássico foi obtido com a importação da joaninha Rodolia cardinalis pelos EUA da Austrália, sendo introduzida em 1988 nos pomares de citros da Califórnia para o controle da cochonilha Icerya purchasi. Tal foi o sucesso que em menos de dois anos após a liberação dessa joaninha, o controle dessa praga já havia sido alcançado. No Brasil, o primeiro projeto de controle biológico clássico foi a introdução do microhimenóptero Prospaltella berlesei, importado dos EUA, para o controle da cochonilha branca da amoreira, Pseudaulacaspis pentagona, em 1921.

Todavia, essa estratégia de controle biológico envolve riscos, uma vez que se está introduzindo uma espécie exótica que poderá competir com a fauna nativa, podendo resultar em deslocamento de determinadas espécies nativas para outros habitats ou mesmo sua extinção. Dessa forma, para que essa estratégia tenha sucesso alguns procedimentos básicos para a introdução de inimigos naturais exóticos precisam ser obedecidos para minimizar os riscos. Esses procedimentos devem ser regulados pelos laboratórios de quarentena.

No Brasil, o Laboratório de Quarentena "Costa Lima" é o único credenciado pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento (MA) para introduzir inimigos naturais para o controle de pragas. Este laboratório iniciou suas atividades em 1991 e está localizado na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna/SP). Desempenha funções relativas à introdução de agentes de controle biológico, fazendo trabalho de quarentena e mantendo informações sobre as espécies de organismos úteis introduzidas no Brasil, incluindo a pureza do material recebido, comprovação da especificidade hospedeira e verificação de seu possível impacto sobre organismos não-alvos. São também funções do laboratório: acompanhar as liberações e o estabelecimento no campo de inimigos naturais introduzidos, por um período de até dois anos. No período de 1991 a 1999, o Laboratório de Quarentena "Costa Lima" realizou um total de 80 introduções de inimigos naturais de insetos e outros organismos. Dentre as introduções mais recentes, destacam-se a introdução das seguintes espécies de parasitóide: Diachasmimorpha longicaudata introduzido em 1994, por iniciativa da Embrapa Mandioca e Fruticultura para o controle de moscas-das-frutas (Anastrepha spp. e Ceratitis capitata), com projeto pilotos conduzidos na região Nordeste do Brasil por essa unidade de pesquisa da Embrapa. Em meados de 2006, pretende-se iniciar a criação desse parasitóide para atender os fruticultores da região Norte-Noroeste do Estado do Rio de Janeiro através da parceria entre a Embrapa Agrobiologia e o Campus Dr. Leonel Miranda/UFRRJ.

   Controle Biológico Aumentativo ou por Incremento – Nessa estratégia, o inimigo natural é multiplicado massalmente em laboratórios especializados, portanto, envolve a criação ou produção massal do inimigo natural. Posteriormente, eles são liberados no campo no momento apropriado. Esse momento é decido baseando-se na biologia da praga alvo, de modo a sincronizar as liberações quando a praga encontra-se em seu estágio mais susceptível.

Casos bem sucedidos do uso dessa estratégia para controle de pragas agrícolas no Brasil podem ser destacados. O caso de maior sucesso é o controle biológico da broca-da-cana de açúcar (Diatraea saccharalis) através da criação massal em laboratório e liberação no campo da vespinha Cotesia flavipes, sendo responsável por cerca de 70% a 80% do parasitismo das lagartas de D. saccharalis. Na cultura da soja, destaca-se o controle biológico de ovos de percevejos, especialmente o percevejo verde da soja (Nezara viridula), pelo parasitóide Trissolcus basalis, cuja tecnologia de criação/liberação dessa vespinha foi desenvolvida por pesquisadores da Embrapa Soja (Londrina/PR). Um outro caso relevante foi o desenvolvimento do programa de controle biológico da traça do tomateiro (Tuta absoluta) através da vespinha Trichogramma pretiosum (parasitóide de ovo de T. absoluta), pela Embrapa Semi-Árido (Petrolina/PE) na década de 90. Empresas brasileiras que comercializam essa vespinha são: Bug Agentes Biológicos (Piracicaba, SP) e a Megabio Produtos Biológicos Ltda (Uberlândia, MG).

Outros exemplos bem sucedidos dessa estratégia de controle biológico no Brasil referem-se ao uso de microrganismos entomopatogênicos. A Embrapa Soja viabilizou, a partir de 1977, o uso em larga escala do vírus da poliedrose nuclear da lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), denominado de Baculovirus anticarsia. A bactéria Bacillus thuringiensis tem sido largamente utilizada no controle de lagartas em várias culturas, especialmente na agricultura orgânica, estando disponível como produto formulado no mercado brasileiro para uso agrícola, sendo o Dipel a marca comercialmente mais conhecida. No caso de fungos entomopatogênicos, destacam-se Metarrhizium anisopliae, que é utilizado no controle da cigarrinha da cana-de-açúcar (Mahanarva fimbriolata e M. posticata) e das pastagens (Deois spp. e Zulia spp.), e Beauveria bassiana, que tem sido recomendado para controle da broca do café (Hypothenemus hampei), moleque da bananeira (Cosmopolites sordidus) e broca do pedúnculo floral do coqueiro (Homalinotus coriaceus). Essas duas espécies de fungos são comercializadas como produto formulado e registrado no MAPA pela empresa Itaforte Bioprodutos, sendo atestados pela ECOCERT BRASIL como insumos apropriados para uso na agricultura orgânica.

   Controle Biológico por Conservação - Envolve a manutenção dos inimigos naturais nos agroecossistemas por favorecer ou fornecer condições de sobrevivência e reprodução e, conseqüentemente, aumentando sua efetividade. Nesse sentido, essa estratégia envolve, portanto, o manejo do habitat através de práticas agronômicas que vise o aumento e a preservação de inimigos naturais nos agroecossistemas, destacando-se a incorporação de espécies vegetais que proporcionem recursos vitais (abrigo, microclima, pólen, néctar, hospedeiros alternativos etc.) para os inimigos naturais. Pólen e néctar, que podem ser proporcionados pelas plantas companheiras tal como adubos verdes, plantas aromáticas e plantas espontâneas, são importantes porque são recursos essenciais para o estágio de vida não carnívoro dos parasitóides e de certos predadores (Figura 2). Para outros predadores podem representar um suplemento ou complemento de uma presa de qualidade inferior, como ocorre para certas espécies de joaninhas (Coccinellidae), bichos lixeiros (Chrysopidae), moscas Syrphidae, vespas (Vespidae) e ácaros predadores. Umbelliferae, Leguminosae e Compositae têm desempenhado esse importante papel ecológico, sendo denominadas "plantas insetárias". Todavia, a estrutura e coloração da corola, quantidade de pólen e/ou néctar das flores, influenciam no forrageamento desses artrópodes benéficos. Por exemplo, flores de corola branca ou amarela são boas candidatas como "plantas insetárias" por incitar a alimentação de moscas Syrphidae, aumentando longevidade e fecundidade, resultando num aumento da população de suas larvas que predam pulgões (Figura 3). Isso demonstra a necessidade de pesquisas sobre os efeitos da "qualidade" da diversificação de plantas sobre as pragas e os inimigos naturais nos sistemas de produção, isto é, a diversidade "funcional" é que mais importa, e não a diversidade por si só. A maioria dessas pesquisas tem sido conduzida nos Estados Unidos, Europa e Austrália, todavia, em função da riquíssima flora brasileira, com certeza temos a nossa disposição um arsenal de espécies botânicas para serem investigadas. Como os efeitos da diversidade vegetal não podem ser generalizados, sendo que cada sistema agrícola é um sistema em particular, torna-se necessário a geração de conhecimento para consolidar o manejo de pragas através do controle biológico por conservação nos agroecossistemas brasileiros, uma linha de pesquisa que vem sendo perseguida atualmente pela Embrapa Agrobiologia (Seropédica/RJ).


Figura 2. Adulto de Syrphidae alimentando-se de recursos florais (pólen e/ou néctar)


 


Figura 3. Larva de Syrphidae alimentando-se de pulgões.


 

(Artigo publicado na revista Campo e Negócios -agosto/2006)

Agricultura Orgânica - Expandindo o Conhecimento

A grande expansão observada na agricultura orgânica no Brasil, pode ser verificada tanto pela comparação da área cultivada, do número de agricultores envolvidos ou da diversidade de produtos comercializados, inclusive com crescente oferta de produtos processados e volume de vendas no mercado interno e externo, a par da inserção mais que assumida de diversas instituições de ensino e pesquisa no desenvolvimento da produção orgânica, indicando claramente a pujança do movimento. Além disso, o número crescente de eventos, exposições, feiras, cursos, seminários e congressos, tem despertado muita curiosidade dos consumidores e interesse por parte dos meios de comunicação.

Mas afinal, o que é um produto orgânico?

A resposta mais comum que se tem é a de que são produtos sem agrotóxicos, hormônios, drogas veterinárias, e outros produtos sintéticos. Esta é uma definição que consideramos incompleta e simplista demais. Na verdade, os sistemas de produção orgânica, tal como definido internacionalmente no Codex Alimentarius (um Programa Conjunto da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação - FAO e da Organização Mundial da Saúde - OMS criado para proteger a saúde da população, assegurando práticas eqüitativas no comércio regional e internacional de alimentos) e no Brasil, pela Lei no. 10831 de 23/12/2003 tem por objetivos a sustentabilidade, a proteção do meio ambiente, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não renovável, a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis, bem como o respeito à integridade cultural das comunidades rurais.

Assim, definimos agricultura orgânica como sistema de manejo sustentável da unidade de produção, com enfoque holístico que privilegia a preservação ambiental, a agrobiodiversidade, os ciclos biológicos e a qualidade de vida do homem, visando a sustentabilidade social, ambiental e econômica no tempo e no espaço. Baseia-se na conservação dos recursos naturais e não utiliza fertilizantes de alta solubilidade, agrotóxicos, antibióticos, aditivos químico-sintéticos, hormônios, organismos transgênicos e radiações ionizantes (Neves et al.,2004).

Para alcançar esses objetivos, a produção orgânica emprega, sempre que possível, métodos biológicos ou mecânicos em contraposição ao uso de materiais sintéticos, privilegiando a agrobiodiversidade. Além disso, na agricultura orgânica não são usados organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização.

A agricultura orgânica tem a ver com a qualidade dos alimentos, fibras e demais produtos agrícolas num sentido amplo, que compreende a qualidade ambiental da região produtora, a qualidade de vida do trabalhador rural que tem os mesmos direitos de acesso à saúde, educação e bem-estar que os consumidores, respeito aos animais de criação e preocupação com a terra, que apenas tomamos emprestada das gerações vindouras e que precisamos deixar própria para seu uso e sua sobrevivência.

Ao proibir o uso de agrotóxicos na produção agrícola e pecuária, a agricultura orgânica contribui para eliminar a exposição de trabalhadores rurais a esses produtos.

Os trabalhos de Waldemar Ferreira de Almeida (ver "Perigos e Precauções na Utilização de Agrotóxicos", publicado em 1984 na Revista da Organização Mundial de Saúde) mostram que a situação no Brasil com relação ao uso de agrotóxicos por agricultores desinformados e semi-alfabetizados é, no mínimo, alarmante. Pesquisadores da FIOCRUZ (www.fiocruz.br/ccs/estante/veneno_remedio.htm) e do Departamento de Medicina Social, Universidade Federal de Pelotas, para citar apenas 2 grupos independentes de pesquisa, têm relatado a alta freqüência de intoxicações dos trabalhadores, algumas vezes levando à morte ou invalidez permanente e alta incidência de transtornos psiquiátricos. Uma das conclusões do trabalho de Faria et al. (2004) e Meneghel et al. (2004) é que "a elevada utilização de agrotóxicos, sem os cuidados necessários, tem contribuído para a degradação ambiental e o aumento das intoxicações ocupacionais, sendo um dos principais problemas de saúde pública no meio rural brasileiro". Os estudos ainda mostram que há um grave subregistro dos casos de intoxicação, o que minimiza o problema em nosso país.

As normas do Codex Alimentarius, as regulamentações européias e de diversos outros países têm, seguidamente, diminuído os limites máximos de resíduos permitidos nos alimentos de um modo geral e proibido o uso de diversos produtos, baseados em relatórios do Comitê Conjunto FAO/OMS para Discussão dos Resíduos de Pesticidas em Alimentos, um grupo, criado em 1963, do qual fazem parte especialistas de diversas áreas do conhecimento.

O Codex dispõe de uma base de dados sobre limites máximos de resíduos de agrotóxicos e de medicamentos veterinários permitidos em alimentos que pode ser acessada no endereço :
(
http://www.codexalimentarius.net/).

No Brasil, o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), iniciado em 2001 para "avaliar a qualidade dos alimentos em relação ao uso de agrotóxicos, vindo ao encontro aos anseios dos profissionais voltados à melhoria da qualidade de vida da população, bem como da própria sociedade, fornecendo a estes uma ferramenta apta a garantir a qualidade e segurança alimentar no que tange aos resíduos de agrotóxicos". O relatório completo pode ser obtido em http://www.anvisa.gov.br/toxicologia/residuos/index.htm.

O relatório da ANVISA diz que "o uso de agrotóxicos no processo de produção agrícola e a conseqüente contaminação dos alimentos, têm sido alvo de constante preocupação no âmbito da saúde pública, gerando a necessidade de realização da avaliação toxicológica e do estabelecimento de parâmetros de segurança relativos à sua utilização, bem como de programas e ações de controle, cientificamente embasados e tecnicamente aplicáveis. A exposição de pessoas aos agrotóxicos pode ser atribuída tanto ao consumo de alimentos oriundos da produção agropecuária onde estes são usados, quanto ao contato direto, no caso dos aplicadores rurais e/ou manipuladores, ou ainda ao contato indireto, como no caso das populações que estão sujeitas à aplicação de agrotóxicos para controle de vetores das endemias".

Criação de animais

Quanto à criação de animais, a produção orgânica vai muito além de restringir o uso de medicamentos alopáticos e proibir o uso de antibióticos e hormônios.

A produção orgânica animal tem por requisito o bem-estar, que consiste em permitir, em condições de manejo produtivo, que os animais vivam livres de dor, sofrimento e angústia, em um ambiente em que possam expressar proximidade com o comportamento em seu habitat original, compreendendo movimentação, territorialidade, descanso e ritual reprodutivo.

O manejo visa eliminar todo e qualquer fator estressante, dentre outras alternativas capazes de estimular os mecanismos naturais de defesa próprios do organismo animal. Os frangos são criados com espaço para pastoreio, onde podem ciscar, além de terem acesso a poleiros para dormir. Além disso, as galinhas poedeiras põem seus ovos em ninhos. Os animais devem ter garantido um período mínimo de escuro de 8 horas por dia, sendo proibido o uso de iluminação artificial como medida de estímulo da produção.

Na criação de bovinos de leite, os animais têm amplo acesso a pasto e podem conviver com seus filhotes.

Não são permitidas técnicas usuais nas criações de animais em confinamento, como a debicagem (corte do bico das aves) e a descorna (retirada dos chifres), além da transferência de embriões e fertilização in vitro. Outras técnicas como a marcação, castração, o mochamento, apesar de não estimuladas, são permitidas e devem ser efetuadas na idade apropriada, com uso de anestésico, visando reduzir processos dolorosos e acelerar o tempo de recuperação.

Base científica da Agricultura Orgânica

É preciso deixar registrado que o movimento orgânico no Brasil e em outros países se iniciou dentro da própria classe dos profissionais de Ciências Agrárias e de áreas afins, preocupados com a agricultura de base agroquímica e seus impactos negativos no solo, recursos hídricos, meio ambiente e comunidades rurais. A corrente mais antiga é a agricultura orgânica biodinâmica, que deriva da antroposofia, filosofia divulgada a partir de 1924, por Rudolf Steiner. No Brasil, o professor Adilson Paschoal, da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz, Piracicaba, SP, foi um dos pioneiros dos movimentos alternativos que começaram a ser difundidos nos meios acadêmicos brasileiros no início da década de 70. Mas foi na década de 80 que surgiram importantes iniciativas no sentido de alavancar o movimento no país: foi criado o Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural (IBD), em Botucatu, SP e, pouco mais tarde, surgiram a Fundação Mokiti Okada e o Centro de Pesquisa em Agricultura Natural, ambos em São Paulo; o Centro de Agricultura Ecológica (CAE-Ipê), no Rio Grande do Sul; a Rede PTA com o Centro de Tecnologia Alternativa, em Viçosa, Minas Gerais; e, no Paraná, foi fundado o Instituto Verde Vida de Desenvolvimento Rural. Também nessa década, foi criada a primeira associação de produtores, a Associação de Agricultores Biológicos do Estado do Rio de Janeiro (ABIO), mais tarde seguida pela Associação de Agricultura Orgânica de São Paulo (AAO).

Hoje, cursos e disciplinas de agroecologia, ciência que congrega uma série de princípios e metodologias para estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar agroecossistemas ressaltando uma preocupação com a conservação dos recursos naturais (Altieri, 1989) estão sendo oferecidos por diversas Universidades e instituições de pesquisa, que cada vez mais desenvolvem projetos dentro dessa linha temática.

A Embrapa Agrobiologia, juntamente com seus parceiros da Fazendinha Agroecológica Km 47 (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Pesagro-RJ e Embrapa Solos) desenvolve projetos de pesquisa, capacitação de estudantes de graduação, técnicos e agricultores e teses de pós-graduação, desde 1992. Além disso, coordena um projeto em rede nacional com 16 Centros de Pesquisa da Embrapa e 115 pesquisadores envolvidos em 170 ações de pesquisa científica e desenvolvimento nacional da agricultura orgânica. Esforços de pesquisa, também em outras instituições de pesquisa brasileiras, contribuem para garantir não só produtividade, mas a qualidade dos produtos orgânicos.

Qualidade e valor nutricional dos alimentos orgânicos

Há evidências de que, pelo menos para alguns produtos, o cultivo orgânico resulta em melhor sabor do que o equivalente convencional. Porém, isso pode não ser verdadeiro para todos os produtos. Um relatório da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimento) concluiu que maçãs do tipo "Golden Delicious" cultivadas organicamente são mais firmes e receberam melhores notas para sabor de um painel de análise sensorial do que maçãs cultivadas convencionalmente. Esse relatório também destaca outros estudos onde foi possível mostrar que os tomates orgânicos são mais adocicados e que cenouras orgânicas têm melhor sabor. Além disso, demonstra que os produtos orgânicos apresentam maiores níveis de antioxidantes o que, entretanto, pode resultar em um sabor "amargo" mais acentuado, especialmente nos vegetais folhosos. O relatório "Food safety and quality as affected by organic farming" pode ser consultado no site da FAO (http://www.fao.org/docrep/meeting/X4983e.htm#d).

Uma revisão dos resultados de pesquisa disponíveis, comparando o valor nutricional de produtos orgânicos e convencionais, envolvendo 41 estudos com 1.240 comparações de 35 vitaminas e minerais, foi feita na Universidade Johns Hopkins, Baltimore, EUA e mostrou que os alimentos orgânicos apresentam mais minerais e vitaminas e menos nitrato (Worthington, 1998). As maiores diferenças entre os vegetais testados foram para os teores de magnésio, de vitamina C e de ferro (29, 27 e 21% mais altos nos produtos orgânicos, respectivamente). Além disso, os produtos orgânicos sempre apresentaram menor nível de nitratos (em média 15 % menor) e menos metais pesados do que os produtos cultivados convencionalmente. Estudos feitos no Sistema Integrado de Produção Agroecológica, conhecido como "Fazendinha Agroecológica Km 47" também mostram menor acumulação de nitratos em alface e couve produzidos organicamente, quando comparados aos produzidos com adubo mineral (Braga, 1997; Zago et al., 1999).

A revisão feita por Worthington (1998) também avaliou os resultados dos estudos onde se procurou comparar os efeitos da alimentação orgânica sobre a saúde e verificou que apesar das limitações metodológicas, os alimentos orgânicos tiveram efeito positivo sobre a saúde dos animais usados nos testes. Os efeitos foram mais acentuados nos animais recém-nascidos ou enfraquecidos por doenças.

Conclusões

A agricultura orgânica tem dimensões éticas, sociais e ambientais que não podem ser relegadas, principalmente quando se discute o preço dos produtos orgânicos. Por suas características, a agricultura orgânica tem contribuído para a fixação no campo de um expressivo contingente de produtores familiares anteriormente excluídos. Os consumidores dos produtos orgânicos, ao priorizarem sua saúde e bem estar estão conscientes de que também promovem a qualidade de vida e saúde para os trabalhadores rurais, a par de contribuir para a conservação do meio ambiente.

Citações:

ALTIERI, M. A. Agroecologia: As Bases Científicas da Agricultura Alternativa. Rio de Janeiro: PTA-FASE, 1989. 237 p.

BRAGA, R.M. Monitoramento dos teores de nitrato e amônia no solo e em hortaliças produzidas sob manejo orgânico. Dissertação de Mestrado, Seropédica, RJ: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 1997. 167 páginas.

FARIA, N.M.X.; FACCHINI, L.A.; FASSA, A.G. ;TOMASI, E. Trabalhador rural e intoxicações por agrotóxicos. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 5, p. 1298-1308, 2004.

MENEGHEL, S.; VICTORA, C.G.;FARIA, N.M.X.; CARVALHO, L.A.; FALK, J.W. Características Epidemiológicas do Suicídio no Rio Grande do Sul. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 38, n. 6, p. 804-810, 2004.

NEVES, M. C. P.; ALMEIDA, D. L.de; DE-POLLI, H.; GUERRA, J. G. M.; RIBEIRO, R. de L. D. Agricultura orgânica - uma estratégia para o desenvolvimento de sistemas agrícolas sustentáveis. Seropédica: EDUR, 2004. 98 p.

ZAGO, V. C. P.; EVANGELISTA, M. R.; ALMEIDA, D. L. de; GUERRA, J. G. M.; NEVES, M. C. P.; RUMJANEK, N. G. Aplicação de esterco bovino e uréia na couve e seus reflexos nos teores de nitrato e na qualidade. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 17, n. 3, p. 207-211, 1999.

WORTHINGTON, V. Effect of Agricultural Methods on Nutritional Quality: A Comparison of Organic with Conventional Crops. Alternative Therapies, v. 4, p.58-69, 1998.

Maria Cristina Prata Neves1
Raul de Lucena Duarte Ribeiro2
José Guilherme Marinho Guerra1
José Antonio Azevedo Espindola1
Dejair Lopes de Almeida1

1Pesquisadores da Embrapa Agrobiologia
2Professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

Como fazer a Inoculação



Inoculante produzido na Embrapa Agrobiologia.

- Inoculação Simples:

Misturar 200 ml (ou um copo pequeno) de água potável (ou goma; consultar a tabela ) ao do conteúdo do pacote (200 g) até formar uma pasta homogênea. Depois, misturar esta pasta com as sementes até que todas elas sejam envolvidas por uma camada uniforme de inoculante. Espalhar e deixar secar em lugar sombreado, fresco e arejado.
Sementes assim inoculadas podem ser plantadas até o dia seguinte ao da inoculação, caso contrário, as sementes devem ser reinoculadas.
Para cada tamanho de semente, usar a quantidade de inoculante e sementes indicadas na tabela abaixo.

- Inoculação com Revestimento das Sementes:
Juntar o adesivo (vide goma na tabela) ao inoculante e misturar até formar uma pasta uniforme; depois, juntar esta pasta às sementes e misturar bem. A seguir, adicionar, de uma vez, o calcário ou calcário + micronutrientes (FTE), ou fosfato de rocha, e misturar com cuidado para não formar agregados de sementes. Este procedimento pode ser feito sobre um plástico, área cimentada ou em um misturador de concreto, ou tambor de eixo descentralizado. Depois, deixar secar em lugar fresco e protegido do sol.
As sementes inoculadas com revestimento quando guardadas em lugar fresco, arejado e sombreado, podem ser plantadas até uma semana após a inoculação , mas é preferível plantar logo após a inoculação.

TABELA - Material usado na inoculação e revestimento das sementes

Leguminosas

Adesivo(b)

(Litro)

Inoculante

(g)

Sementes

(Kg)

Calcário ou Calcário + FTE©; (1:1)
(Kg)

Sementes grandes: soja, feijão, caupi, amendoim, guandu, ervilha, fava, etc.

1

200

50

10

Sementes médias: calopogonio, soja perene, leucena, siratro, centrosema etc .

1

1

20

16

Sementes pequenas: estilosantes, desmodium, alfafa, trevo, etc.

1

200

10

20

 
 

a)-Recomendação mínima, podendo ser aumentada em condições adversas (acidez, temperatura, etc.).
b)- Pesar 70 gramas (ou medir 4 colheres de sopa cheias) de polvilho de araruta, polvilho de mandioca ou farinha de trigo e diluir em água potável, completar o volume a 1 litro e aquecer a fervura até dissolver. Depois de resfriar, guardar em geladeira até o uso (goma arábica sem conservante ou goma de Parkia também podem ser utilizadas). Quantidade do adesivo, calcário e micronutrientes (FTE) de até 5 vezes a constante da tabela pode ser usada para aumentar a quantidade de material a ser aderida.
c)- Usar o calcário peneirado mais fino possível, podendo ser este misturado em partes iguais aos micronutrientes (FTE). Não usar cal viva.

Outras informações importantes:
- Não usar inoculante vencido
- Não deixar a semente inoculada entrar em contato com o adubo, exceto se a semente for revestida de calcário
- Evitar o uso de pesticidas junto à inoculação
- Cobrir as sementes logo após o plantio
- Não usar óleo diesel ou querosene junto à inoculação


Inoculantes disponíveis para leguminosas

Aquisição de Inoculante


 

01. Dose mínima por pedido: 01 dose (250 gramas)
02. Prazo de entrega: 15 a 20 dias
03. Forma de pagamento: via GRU em conta corrente

*Caso queira imprimir agora o boleto bancário, para depósito via GRU simples no Banco do Brasil, basta acessar o endereço
https://consulta.tesouro.fazenda.gov.br/gru/gru_simples.asp e preencher:
Unidade Favorecida: 135023
Gestão: 13203
Nome da unidade : Embrapa Agrobiologia
Código: 28811-0
A descrição virá preenchida automaticamente
Número de referência preencher :CPF ou CNPJ
Competência e vencimento :preencher mês e ano, dia mês e ano respectivamente.
Nome do Contribuinte : Nome completo
Valor principal : preencher o valor da aquisição e repeti-lo no campo valor total
Clicar em emitir GRU simples


04. Preço:
Leguminosa forrageira e de grão: R$3,00
Leguminosa arbórea: R$ 5,00

05. Valor * : o pagamento via GRU simples deverá ser feito no valor do inoculante acrescido do valor das despesas do correio (Sedex), que vai variar de acordo com a cidade de destino.

Obs: antes de fazer o depósito, consultar via tel (0xx21.2682-1500 R:264) ou por e-mail SAC da unidade para saber o valor exato das despesas postais.

6. Para efetivar o pedido, o requisitante precisa enviar uma cópia da GRU via fax (0xx21.2682-1230), aos cuidados do Sr. Luís Carlos Chaves , Ref.: Pagamento de inoculantes. Neste fax, também deverão constar o nome da espécie para a qual deseja o inoculante, a quantidade (doses), nome, CPF ou CNPJ e endereço completos para que seja emitida a nota fiscal

Inoculantes de Leguminosas Disponíveis na Embrapa Agrobiologia

PRODUTORAS DE GRÃOS
Arachis hypogea - Amendoim
Cajanus cajan - Guandu
Cicer arietinum - Grão-de-bico
Glycine max - Soja
Lens esculenta - Lentilha
Phaseolus vulgaris - Feijão
Pisum sativum - Ervilha
Vigna radiata - Mungo verde
Vigna unguiculata - Caupi ou Feijão de corda

ADUBOS VERDES
Cajanus cajan - Guandu
Canavalia brasiliensis - Feijão bravo do Ceará
Canavalia ensiformis - Feijão de porco
Crotalaria juncea - Crotalária juncea
Crotalaria spectabilis - Crotalária spectabilis
Lablab purpureus - Lablab
Lathyrus sativus - Chícharo ou Sincho
Lupinus spp -Tremoço
Mucuna spp - Mucuna
Vicia sativa - Ervilhaca

FORRAGEIRAS HERBÁCEAS
Calopogonium mucunoides -Calopogônio
Centrosema pubescens - Centrosema
Clitoria ternatea - Cunhã
Cyamopolis tetragonoloba - Ciamopolis
Desmodium canum - Desmódio
Desmodium intortum - Desmódio
Desmodium ovalifolium - Desmódio
Galactia striata - Galáxia
Indigofera hirsuta - Anileira
Lathyrus sativus - Chícharo ou Sincho
Lotononis bainesi - Lotononis
Lotus corniculatus - Cornichão
Lotus pendunculatus - Cornichão gigante
Macroptilium atropurpureum - Siratro
Macrotyloma axilares - Macrotiloma
Medicago polymorpha - Trevo carretilha
Medicago sativa - Alfafa
Neonotonia withtii - Soja perene
Ornithopus sativus - Ornitopus
Pueraria spp - Kudzu
Stylosanthes spp - Estilozantes
Trifolium pratense - Trevo vermelho
Trifolium repens - Trevo branco
Trifolium semipilosum - Trevo semipiloso
Trifolium subterraneum- Trevo subterrâneo
Trifolium vesiculosum -Trevo vesiculoso

FORRAGEIRAS ARBUSTIVAS
Cajanus cajan - Guandu
Gliricidia sepium - Gliricídia
Leucaena diversifolia - Leucena
Leucaena leucocephala - Leucena
Mimosa caesalpiniifolia - Sabiá
Prosopis juliflora - Algaroba

ESPÉCIES ARBÓREAS
Acacia angustissima
Acacia auriculiformis
Acacia decurrens
Acacia holocericea
Acacia mangium
Acacia mearnsii - Acácia negra
Acacia podalyriaefolia
Acacia salicina
Acacia saligna
Albizia guachapelle
Albizia lebbek - Ébano oriental ou Coração de negro
Albizia pedicelare - Jueirana branca
Albizia saman - Samán
Bowdichia virgiloides - Sucupira ou Macanaíba pele de sapo
Calliandra surinamensis - Caliandra
Chamaecrista ensiformis - Jaúna ou Brauninha
Clitoria fairchildiana -Sombrero
Dalbergia nigra - Jacarandá da Bahia
Dimorphandra jorgei - Pau para tudo ou Falso angelim
Enterolobium contortisiliquum -Timbaúva
Enterolobium cyclocarpum
Erythrina speciosa - Eritrina
Erythrina variegata - Eritrina
Gliricidia sepium - Gliricídia
Inga marginata - Ingá
Leucaena diversifolia - Leucena
Leucaena leucocephala - Leucena
Lonchocarpus costatus - Óleo baio
Melanoxilon brauna - Braúna
Mimosa acutistipula - Jurema preta
Mimosa bimucronata - Maricá
Mimosa caesalpiniifolia - Sabiá
Mimosa flocculosa - Bracatinga de Campo Mourão
Mimosa scabrella - Bracatinga
Mimosa tenuiflora
Paraserianthes falcataria
Parapiptadenia pterosperma - Angico vermelho
Parapiptadenia rigida - Angico
Piptadenia gonoacantha - Pau jacaré
Pithecellobium spp
Poecilanthe parviflora - Angelim
Prosopis chilensis
Prosopis chilensis
Prosopis juliflora - Algaroba
Sclerolobium paniculatum -Taxi branco
Sesbania exasperata -Sesbânia
Sesbania virgata - Sesbânia
Tephrosia sinapou - Tefrósia

Inoculantes para leguminosas

O que é inoculante?

É todo material contendo microrganimos e que atua favoravelmente no desenvolvimento das plantas. O inoculante contém bactérias específicas para cada espécie de leguminosa. Por este motivo, o inoculante preparado para uma leguminosa não pode ser utilizado em outras espécies. As bactérias fixadoras de nitrogênio, chamadas rizóbios, quando em contato com as raízes das leguminosas induzem a formação de pequenas bolinhas, chamadas de nódulos. No interior dos nódulos ocorre o processo de aproveitamento do nitrogênio do ar por estes microrganimos. Este processo é chamado de fixação biológica de nitrogênio. O nitrogênio é um dos nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas

Vantagens:
Melhora a qualidade do solo;
Evita o uso de adubação nitrogenada;
Oferece economia para o agricultor;
Aumenta a produtividade da lavoura;
Produto natural, sem prejuízo para o meio ambiente;

Inoculantes disponíveis:
A Embrapa Agrobiologia produz, sob encomenda, inoculante específico para 100 espécies de leguminosas: produtoras de grãos, para adubos verdes, forrageiras herbáceas, forrageiras arbustivas e espécies arbóreas, principalmente, para recuperação de áreas degradadas. 

Conheça o Banco de Dados de Leguminosas da Embrapa Agrobiologia

Conheça o Banco de dados de Bactérias Diazotróficas da Embrapa Agrobiologia

Inoculantes disponíveis para leguminosas

Como comprar

Como fazer a inoculação

Atividades de Informação e Documentação da Embrapa Agrobiologia

Código: 14.1999.795-18
Líder do subprojeto: Dorimar dos Santos Félix

Resumo:
Automação dos processos de aquisição, seleção, avaliação, disseminação, manutenção do acervo documental da Embrapa Agrobiologia no que se refere a livros, periódicos, bases de dados, atividade de comutação bibliográfica.

Efeito dos dejetos de suínos na diversidade da microbiota do solo

Código: 11.2001.304-02
Líder do subprojeto: Norma Gouvea Rumjanek

Resumo:

O uso prolongado e em grandes quantidades dos dejetos de suínos tem gerado o interesse na determinação da capacidade de suporte do solo para esses resíduos, como forma de prevenir o seu impacto negativo no ambiente. Embora a curto prazo os dejetos de suínos possam causar benefícios ao solo, em função do seu conteúdo de matéria orgânica e nutrientes, a longo prazo, no entanto, esses mesmos compostos poderão transformá-los num poluente do solo e causar alterações qualitativas e quantitativas na microbiota do solo. O objetivo do subprojeto é a avaliação das alterações na diversidade da microbiota da zona rizosférica de solos adubados com dejetos de suínos, através da combinação das técnicas convencionais de cultivo de bactérias rizosféricas com a técnica de SSCP (Single Strand Conformation Polymorphism) capaz de analisar o DNA de comunidade microbiana de modo a se identificar os grupos dominantes e ativos na rizosferas de culturas anuais adubadas com esterco suíno, que poderão servir de indicadores de sustentabilidade e/ou contaminação. As amostras de solo rizoférico para o desenvolvimento deste subprojeto serão coletadas no experimento 3 do subprojeto 1 deste projeto. A metodologia molecular a ser utilizada para se atingir o objetivo acima definido envolve as seguintes etapas: (1) Extração e purificação de DNA de solo rizoférico; (2) Purificação do DNA visando a eliminação de substâncias húmicas; (3) Amplificações com PCR através dos "primers" Com1 e Com2-Ph, capaz de amplificar cerca de 400 pares de bases do 16S rRNA, compreendendo as regiões variáveis V4 e V5; (4) Digestão da hélice amplificada a partir do primer fosforilado; (5) análise em gel de poliacrilamida dos fragmentos amplificados e digeridos e, (6) sequenciamento dos fragmentos característicos das áreas em estudo.

Impacto de diferentes práticas e tecnologias usadas em pastagens de braquiária e em áreas de produção de grãos e fibras, sobre as emissões de óxido nitroso

Código: 11.2001.225-04

Líder do subprojeto: Robert Michael Boddey

Resumo:

As emissões de N2O derivadas da atividade agrícola representam mais do que 80% das emissões antropogênicas deste gás. Embora se apresente em concentrações muito baixas na atmosfera, o incremento na concentração de N2O responde por cerca de 6% do efeito estufa, uma vez que a sua atividade na atmosfera equivale a 130 vezes a atividade de uma mesma unidade de CO2. Os óxidos voláteis de N são produtos intermediários dos processos de nitrificação e desnitrificação, cujas taxas de emissão aumentam com as taxas de nitrificação e desnitrificação, que são governadas, principalmente, pela temperatura e concentração de amônio e nitrato na solução do solo. Disponibilidade de C metabolizável e baixo potencial de O2, são fundamentais para a ocorrência de desnitrificação, processo considerado mais importante para as emissões de N2O. Embora as regiões tropicais sejam apontadas como as principais emissoras de óxidos de nitrogênio, principalmente pelas condições de temperatura e precipitação mais intensas, muitos dos países de clima tropical, como o Brasil, não dispõem de dados para ratificar as estimativas de emissão dos gases de efeito estufa a eles atribuídas. Dessa forma, o objetivo geral deste subprojeto é o de fornecer estimativas das emissões de óxidos de nitrogênio, especialmente N2O, derivadas de solos sob exploração agropecuária, e identificar, dentre as diferentes práticas adotadas dentro do manejo de pastagens e sistemas agrícolas, aquelas que proporcionam menores emissões dos óxidos de N. Como as emissões de óxido nitroso (N2O) do solo estão intimamente acopladas às transformações/ciclagem do N no sistema solo/planta, será adotada uma estratégia de avaliar estas emissões em sítios onde outros componentes do ciclo do N já estão sendo estudados por pesquisadores da Embrapa Agrobiologia e seus parceiros. As emissões serão quantificadas em quatro sítios de pastagens de Brachiaria na região do Cerrado e em cinco sítios de rotações de culturas onde estão sendo comparadas as transformações de N em sistemas de plantio direto (PD) e em plantio convencional (PC). As avaliações serão realizadas de forma a englobar as emissões de N2O de curto prazo (oscilações diurnas) por efeito de temperatura; de médio prazo (dias/semanas) por efeito de umidade, manejo de fertilizante e resíduos, e deposição de excretas; e de longo-prazo (anos) por efeito do uso e estado da terra (ex. pastagem de braquiária produtiva, degradada ou consorciada; lavoura em plantio convencional ou direto). As emissões de N2O serão avaliadas através de câmaras estáticas de incubação, instaladas in situ. As amostras da atmosfera das câmaras serão analisadas para concentração de N2O em cromatógrafo com detector de captura eletrônica utilizando um cromatógrafo a gás (Perkin Elmer, Autosystem) equipado com uma coluna de "Porapak Q" e um detetor de captura de elétrons.