sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Agora é oficial: Estirpes para feijão-caupi são recomendadas como inoculante.


Norma Rumjanek e Gustavo Xavier


Experimento de feijão caupi inoculado
em área de sequeiro no semi-árido

A adoção de tecnologias sustentáveis no setor agropecuário, que permitam a conservação dos recursos naturais e promovam uma melhoria na qualidade de vida da população configura-se como um componente importante para garantir cidadania e dignidade aos agricultores. Dentre os processos que contribuem para a sustentabilidade neste setor, a fixação biológica de nitrogênio (FBN) é capaz de garantir o desenvolvimento da maioria das espécies de leguminosas cultiváveis, suprimento a nutrição do nitrogênio.

A região Semi-árida brasileira caracterizada pela baixa precipitação, estiagens prolongadas, altas temperaturas e muitas vezes baixa fertilidade do solo, abrange uma área de 95 milhões de hectares, dos quais somente 3% são passíveis de serem irrigados. A área necessita de um sistema de manejo que considere tanto a sustentabilidade econômica como social, bem como as limitações de clima característicos.

O feijão-caupi é uma cultura bem adaptada a essa região, que constitui um importante recurso alimentar para a população, e é capaz de se beneficiar do nitrogênio proveniente da FBN, que pode ser maximizado a partir da inoculação de estirpes de rizóbio eficientes e adaptadas às condições regionais. A partir de testes de seleção de estirpes desenvolvidos pela Embrapa Agrobiologia (Seropédica/R$J) e Embrapa Semi-Árido (Petrolina/PE) foi observado que a estirpe BR 3267 proporcionou ganhos de produtividade para a cultura do feijão-caupi de até 30% em experimentos de campo e de até 52% em áreas de agricultores experimentadores. A estirpe BR 3267 foi isolada de solos da região e portanto, é capaz de tolerar as condições de estresse de temperatura e água geralmente observados durante a maior parte do ano no Semi-árido.

Como forma de regulamentar a questão, recentemente a RELARE (Rede de laboratórios para recomendação, padronização e difusão de tecnologia de inoculantes microbianos de interesse agrícola) reconheceu a estirpe BR3267 (SEMIA 6462) para uso em feijão-caupi e o MAPA, através da Secretaria de Defesa Agropecuária passou a incluir essa estirpe na relação dos microrganismos autorizados para produção de inoculantes para feijão-caupi no Brasil. Além dessa estirpe, mais duas compõem esta lista UFLA 3-84 (SEMIA 6461) e INPA 3-11B (SEMIA 6463).

A Embrapa Agrobiologia em conjunto com a Embrapa Semi-árido, Embrapa Meio-Norte (Teresina/PI) e Embrapa Roraima (Boa Vista/RR) e Universidades (UFRPE, UNEB, UEPB), consolidaram uma rede para teste de inoculação do feijão-caupi para avaliação da eficiência agronômica destas estirpes, cujos resultados finais devem ser concluídos na safra 2006.

Estes dados indicam o quanto o agronegócio do feijão-caupi pode expandir com a inoculação de estirpes de rizóbio, contribuindo para aumentar a produtividade da cultura, a qualidade de vida do agricultor e o progresso da região.

No Brasil existem cerca de dez empresas cadastradas para a produção de inoculantes. Pedidos de inoculantes devem se solicitados diretamente à estas empresas.

Artigo publicado no Site www.cultivar.inf.br , em 23 de junho de 2006

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