sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Crotalária


L. Nome vulgar: crotalária. O nome se refere ao som de chocalho das vagens secas, semelhante ao da cascavel (Crotalus sp.) Espécies: cerca de 550 espécies são conhecidas, muitas são herbáceas, anuais ou perenes, havendo espécies arbustivas. As flores geralmente são amarelas, às vezes estriadas com vermelho, dispostas em rácemos vistosos.

Usos: O principal uso das crotalárias é na adubação verde e cobertura do solo por serem plantas pouco exigentes e com grande potencial de fixação biológica de nitrogênio.

C. juncea é a espécie de crescimento mais rápido e tem sido muito usada como adubo verde em rotação com diversas culturas e no enriquecimento do solo. A incorporação das plantas ao solo pode ser feita após 8 a 10 semanas. O aporte de N ao sistema solo/planta é estimado entre 100 e 300 kg N/ha/ano. Esta espécie é também usada no controle de nematóides em canaviais.

Muitas espécies de crotalária são melíferas, atraindo abelhas e mangangás. O plantio junto com maracujá potencializa a polinização dessa cultura, aumentando a produção.

Várias espécies de crotalária são capazes de tolerar metais pesados. C. cobalticola é cobaltófila. Como o cobalto interfere no metabolismo do ferro, essencial para a produção da clorofila, sintoma de clorose nesta espécie é usado como indicativo na prospecção de cobalto. C. florida var. congolensis é manganófila, tolerando altos teores de manganês, enquanto C. cornettii e C. dilolensis são cuprófilas e usadas como indicadoras na prospecção de jazidas.

C. juncea produz fibra tão boa quanto a da juta, sendo usada na confecção de cordas, sacos, tapetes e cestas. Como o teor de cinza é muito baixo, a fibra da crotalária é usada na fabricação de lenços de papel de alta qualidade e papéis de cigarro.

A ingestão de C. sagittalis, C. sericea e numerosas outras espécies de crotalária pode causar intoxicação em animais. A doença é conhecida como crotalismo, causada por alcalóides existentes nas folhas que danificam o fígado dos animais.

As espécies C. spectabilis e C. juncea têm sido recomendadas para o tratamento de diversas doenças de pele (sarna, impetigo, psoríase).

Nodulação: As crotalárias nodulam fácil e abundantemente com espécies de rizóbio de crescimento lento, agrupadas no chamado grupo caupi de inoculação cruzada. Os nódulos são cilíndricos com bifurcações. Nódulos ineficientes são pouco comuns.

Representantes deste grande gênero estão bem distribuídos nas regiões tropicais e cerca de 400 espécies ocorrem na África. As crotalárias são plantas rústicas que crescem bem em solos secos, arenosos, cascalhentos e mesmo em áreas arenosas de região costeira. No Brasil, ocorrem naturalmente em beira de estradas.

Referências: Allen & Allen 1981, Leguminosae. Madison: University of Wisconsin Press; Calegari et al. 1992, Adubação verde no sul do Brasil. Rio de Janeiro: AS-PTA; Duke, 1981, Handbook of legumes of world economic importance. New York: Plenum Press; Souto et al 1992. Outros usos de leguminosas convencionalmente utilizadas para adubação verde. Itaguaí: EMBRAPA-CNPBS, Série Documentos 11; Duque et al. 1986. Utilização mais intensiva e diversificada de adubos verdes. A Lavoura pp 21-23.


 

Maria Cristina Prata Neves
Embrapa Agrobiologia

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