quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Dinâmica e manejo de populações de fitoparasitos associados a hortaliças cultivadas sob sistema de produção agroecológica

Código: 05.2001.201

Líder do projeto: Elen de Lima Aguiar Menezes

Resumo:

Um dos princípios da agricultura orgânica conduzida em bases agroecológicas é manejar os cultivos de modo a favorecer o equilíbrio natural das populações de fitoparasitos com o objetivo de manter a sanidade dos cultivos. Para tal, as interações dinâmicas entre insetos herbívoros e fitopatógenos, planta e ambiente precisam ser conhecidas e entendidas. Dessa forma, ensaios holísticos de campo são os mais apropriados uma vez que, como nas palavras do ecologista Mott (1966), permitem entender "a estrutura e o fundamento de sistemas dinâmicos naturais" e capturar o "segredo da regulação natural". Dentro deste contexto, o projeto terá suas ações de pesquisa e desenvolvimento na "Fazendinha Agroecológica Km 47" (Seropédica, RJ), uma unidade de pesquisa em produção orgânica de 59 ha conduzida sob o "Sistema Integrado de Produção Agroecológica" (SIPA), no qual o uso de produtos organosintéticos, tais como os agrotóxicos (e.g., inseticidas, fungicidas, herbicidas, etc.) não é permitido. As metas-fim do projeto são: 1) Identificar as principais espécies de fitoparasitos (insetos herbívoros e fitopatógenos), particularmente aquelas registradas como pragas, e o complexo de inimigos naturais específicos a elas associadas, em unidade de produção de hortaliças sob cultivo orgânico; 2) Monitorar as populações de fitoparasitos (insetos herbívoros e fitopatógenos), particularmente aqueles registrados como pragas, e de inimigos naturais específicos a eles associados, em unidade de produção de hortaliças sob cultivo orgânico; e 3) Desenvolver, validar e ajustar métodos biológicos (principalmente por liberação aumentativa de agentes de controle biológico criados em laboratório, ou por conservação dos inimigos naturais através da manipulação da diversidade vegetal e/ou do manejo do solo) para o controle de populações de fitoparasitos em bases agroecológicas. A entomofauna presente no agroecossistema da Fazendinha (SIPA), será levantada através da coleta semanais de amostras de espécimens de insetos presentes na área de cultivo de hortaliças. Essas amostras serão obtidas com o auxílio de diversos equipamentos de coleta entomológica ou coleta de partes vegetais infestadas. O tamanho da população será estimado em intervalos freqüentes e a metodologia será definida de acordo com os hábitos e comportamento da espécie de inseto a ser monitorada. As variações em números de indivíduos obtidos nas coletas periódicas será graficamente representadas para o estudo da flutuação de suas populações. O levantamento das espécies de fitopatógenos será realizado através de coleta de material vegetal com sintomas da doença, e esta será monitorada determinando os parâmetro de incidência e severidade e estabelecimento da curva de progressão da doença. Serão avaliadas as influências de fatores bióticos e abióticos sobre as populações dos fitoparasitos. Será também realizado o levantamento de microrganismos antagônicos, principalmente direcionando-o para obtenção de isolados do fungo Trichoderma e da bactéria Pseudomonas. Validação de tecnologias em controle de fitoparasitos geradas no SIPA será feita através de ações de desenvolvimento em comunidades rurais situadas em regiões de produção de hortaliças do estado do Rio de Janeiro através do projeto inter-institucional "Rede de Agroecologia-RJ", financiado pelo programa RECOPE (FAPERJ/FINEP). As ações serão definidas ao longo da execução do projeto.


 

Subprojetos:

Ø 05.2001.201-01 - Potencial de fungos entomopatogênicos no controle de insetos-pragas das raízes tuberosas da batata-doce cultivada sob manejo orgânico

Resumo:

A batata-doce é uma cultura rústica, porém é susceptível a um grande número de pragas, onde os insetos de solo são os principais responsáveis pelas perdas econômicas de produção, afetando não somente a produtividade, mas também a qualidade, conservação e aspecto comercial das batatas. Dentre eles, destacam-se os coleópteros, principalmente a broca-da-raiz (Euscepes postfasciatus) e as larvas de Chrysomelidae (Diabrotica spp.). Em sistemas convencionais de produção da batata-doce, a utilização de inseticidas no solo não é recomendada por ser anti-econômica e ineficiente. Em sistemas de produção orgânica ou agroecológica, o uso de inseticidas não é permitido. Dessa forma, a busca por métodos alternativos de controle torna-se uma necessidade premente. Neste contexto, o subprojeto tem como objetivo gerar conhecimentos e adaptar tecnologias para o controle biológico dessas pragas através do uso de fungos entomopatogênicos. Para tal, serão realizados no laboratório, dois bioensaios para selecionar isolados de Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae patogênicos à adultos de Euscepes postfasciatus e de larvas de Diabrotica spp., sendo que os procedimentos básicos para esses bioensaios serão os descritos por Alves et al. (1998). Uma vez selecionados os melhores isolados, serão instalados dois experimentos de campo na unidade de pesquisa em produção orgânica conhecida como Fazendinha Agroecológica Km 47, em Seropédica, RJ com o objetivo de avaliar a eficiência dos isolados selecionados aplicados no solo, em condições de campo, no controle de adultos de Euscepes postfasciatus e de larvas de Diabrotica spp. Um experimento será instalado em solo planossolo textura arenosa (PL), e o outro será em solo podzólico vermelho-amarelo distrófico (PVd). Em os ambos experimentos, os tratamentos consistirão de uma aplicação na época do plantio das ramas e outra três meses após o plantio, de suspensões dos fungos na superfície do solo nas dosagens equivalentes a 250 e 1000g de conídios/ha de B. bassiana e também de M. anisopliae, em parcelas de 4x2m cultivadas com batata-doce variedade Rosinha de Verdan com espaçamento de 0,80 x 0,40 m. Os experimentos serão em blocos ao acaso com quatro repetições, com uma parcela testemunha não tratada. A persistência dos conídios dos fungos também será avaliada 7, 14 e 21 dias após o tratamento do solo. A percentagem de eficiência dos fungos será calculada pela fórmula de Abbott (1925). Também serão realizadas coletas de raízes tuberosas de batata-doce 6 meses após o plantio para avaliar os danos causados às mesmas, de acordo com o critério de avaliação de notas proposto por França et al. (1983). Será avaliado o impacto das aplicações desses fungos no solo sobre os inimigos naturais específicos associados às diferentes fases de desenvolvimento dos insetos-pragas. Espera-se obter isolados de fungos com potencial para o controle da broca e/ou dos crisomelídeos da batata-doce, e que sua aplicação no solo sob condições de campo seja viável, com o objetivo de desenvolver ações futuras em comunidades de produtores assistidas pela Rede de Agroecologia do Estado do Rio de Janeiro, as quais serão definidas ao longo da execução do projeto.


 

Ø 05.2001.201-02 - Seleção de rizobactérias fluorescentes do gênero Pseudomonas como promotoras de crescimento para alface, cenoura e batata doce

Resumo:

No modelo preconizado pela Revolução Verde, ainda hoje em uso, as práticas de agricultura têm contribuído para grandes perdas de recursos naturais, como a biodiversidade. Apesar da relação entre diversidade e estabilidade ser objeto de muita discussão, entende-se que a interação entre as espécies é, de fato, muito importante e que a falta de variabilidade genética leva à diminuição da habilidade de sobrevivência das populações frente a condições adversas do ambiente. Além disso, 95% da área dos ecossistemas terrestres são manejadas e/ou ocupadas pela população humana, o que faz com que os estudos de diversidade biológica nestes sistemas sejam tão necessários quanto nos ecossistemas primitivos. O solo em si está entre os habitats mais complexos do globo, e ainda assim, seu sistema biológico é pobremente conhecido. A interação da comunidade biótica com o solo assume um papel vital na produção e manutenção da qualidade do solo. A dificuldade de se conhecer melhor os microrganismos do solo resulta, pelo menos parcialmente, de limitações metodológicas que permitam identificá-la e caracterizá-la. Porém, hoje, métodos moleculares têm possibilitado um avanço na identificação da diversidade destes microrganismos. Dentre os grupos de bactérias do solo, as espécies pertencentes ao gênero Pseudomonas se destacam devido à grande versatilidade nutricional e a habilidade de crescer em uma ampla variedade de ambientes. Algumas das espécies de Pseudomonas são conhecidas pelo seu efeito benéfico para plantas. Dentre estas, as espécies fluorescentes P. fluorescens e P. putida são as que mais se destacam e são apontadas como promissoras rizobactérias promotoras de crescimento em plantas (RPCPs) para utilização no controle biológico. Na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro, alguns fungos que permanecem no solo através de estruturas de resistência vem ultimamente crescendo de importância, limitando de modo significativo a produção de alface, principal hortaliça cultivada. São eles: Sclerotinia esclerotiorum, agente etiológico do "mofo branco" ou "podridão cotonosa", e Rhizoctonia solani, que incita a "podridão basal". O controle desses fungos mostra-se muito difícil, sendo assim tal situação aponta para a conveniência de se pesquisar possibilidades do emprego de agentes de biocontrole (microrganismos antagonistas). Rhizobactérias do gênero Pseudomonas, associadas à alface e outras olerícolas, como cenoura e batata doce serão isoladas a partir de cultivos na área de um Sistema Integrado de Produção Agroecológica (SIPA, Seropédica, RJ) onde em decorrência do manejo adotado, a incidência de doenças é pouco significativa talvez em função da presença de uma microbiota associada bem equilibrada. A partir do banco de germoplasma obtido, serão realizados ensaios de verificação de antibiose e de promoção de crescimento conferidas pelos isolados visando a obtenção de inoculantes para a produção de mudas destinadas ao plantio na Região Serrana.


 

Ø 05.2001.201-03 - Isolamento e seleção de micoparasitas de área sob manejo orgânico, para controle biológico de fitopatógenos de solo, em hortaliças

Subprojeto coordenado pela Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária (PESAGRO) - Estação Experimental de Itaguaí

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