quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Reabilitação e sustentabilidade ambiental de áreas degradadas com a utilização de plantas associadas a microrganismos simbióticos

Código: 11.2002.044
Líder do projeto: Sérgio Miana de Faria

Resumo:

Propõe-se no projeto o desenvolvimento de tecnologias para a recuperação de áreas degradadas por meio da revegetação com plantas associadas à microrganismos simbióticos, respaldando-se em indicadores ambientais que possibilitem constatar a reversão da condição de degradação. As áreas a serem estudadas serão áreas de empréstimo, taludes de corte de estradas, minerações de ouro, bauxita, áreas de mineração de pedras São Thome, rejeito do lavado de ferro, assim como o estéril da minerção de ferro entre outras áreas que se apresentam com baixa resiliência. O projeto é composto de três subprojetos a saber: obtenção de rizóbio e leguminosas para a reabilitação de áreas degradadas; caracterização de espécies adapatadas a solos compactados e salinos e monitoramento por meio de indicadores ambientais em áreas sob processo de reabilitação. As tecnologias já desenvolvidas na recuperação das áreas degradadas com plantas associadas à microrganismos carecem de estudos básicos quanto a sustentabilidade dos sistemas implantados, assim como caracterização de espécies tolerantes a solos salinos e compactados. A recuperação de áreas degradadas é vista como consequência de cinco componentes básicos que podem agir promovendo a recuperação do ambiente afetado ou como tensores, impedindo que a revegetação se torne uma realidade, são eles: o substrato (ausência de matéria orgânica, solos salinos, compactados...), os dispersores (fauna,polinizadores...), a fonte de propágulos (presença e qualidade da fonte de propágulos adjacentes às áreas danificadas...), os fatores ambientais (humidade, temperatura...) e a conformidade do relevo (declividade, bacias hidrográficas...) Esses componentes podem agir em conjunto tanto quanto separadamente como promotores ou como tensores na revegetação de áreas degradadas. O presente projeto está centralizando a maioria das atividades no componente substrato, principalmente aquele que é destituído de matéria orgânica (principal fonte dos nutrientes às plantas). Plantas que se associam com microrganismos fixadores de nitrogênio e com fungos micorrízicos têm sido utilizadas com sucesso como condicionadoras da melhoria das propriedades físicas, químicas e biológicas de substratos degradados, todavia outros desafios têm sido acrescidos como as minerações de ferro, minerações de Pedra São Thomé e escória de siderurgia de alto forno, solos salinos e compactados. O monitoramento desses plantios por meio de indicadores como fauna do solo, biomassa microbiana, aumento da fertilidade dos substratos fornecerá subsídios que assegurem e promovam a sustentabilidade dos sistemas já implantados e outros a serem instalados.


 

Subprojetos:

Ø 11.2002.044-01 - Obtenção de rizóbio e leguminosas para reabilitação de áreas degradadas

Resumo:

A recuperação de ambientes pertubados seja por ações antrópicas (minerações, taludes de cortes de estradas etc.) ou pela própria natureza (movimentos de massa) e a busca da sustentabilidade desses ambientes é vista como resultante das ações de cinco principais componentes que podem atuar favorecendo a reabilitação ou como tensores, impedindo que esta se torne factível. Os principais componentes são: 1, o substrato (presença de matéria orgânica, fertilidade do substrato...; 2, a presença e a qualidade de fontes de propágulos (presença de florestas adjacentes a área alterada); 3, os fatores ambientais (clima, temperatura, humidade...); 4, os agentes dispersores (polinizadores, fauna...) e 5, a conformidade do relevo (bacia, declividade...). Áreas de mineração de ferro, bauxita, de empréstimo, ouro entre outras apresentam em primeiro plano o substrato como componente e tensor, que por ser destituído de nutrientes e matéria orgânica não possibilita a curto e médio prazo que a vegetação se estabeleça. Espécies leguminosas inoculadas com bactérias fixadoras de nitrogênio e associadas a fungos micorrizicos são reconhecidas pelo efeito de melhoria da fertilidade de substratos (Franco & Faria 1997, Costa 2000). Essas espécies conseguem aportar ao substrato quantidades significativas de matéria orgânica, aumentando sua fertilidade e possibilitando o recrutamento dos indivíduos locais no sistema trazidos pelas diferentes sindromes de dispersão de sementes. Levantamentos da capacidade de nodulação serão realizados em campo nos locais à serem recuperados dando-se preferência às espécies mais rústicas e próprias para uso em áreas degradadas. Os nódulos recolhidos serão levados ao labolatório onde serão isoladas as bactérias. Selecionar-se-ão as bactérias mais eficientes para cada espécie por meio de experimentos em casa de vegetação, primeiro em condições esterilizadas e posteriormente em condições não esterilizadas. Experimentos incluindo a inoculação de fungos micorrízicos serão feitos para as espécies que se mostrarem dependentes para seu desenvolvimento. Seleção de espécies visando a melhoria desses substratos serão realizadas como a primeira etapa para a revegetação dessas áreas. Os estudos de estabelecimento, crescimento em altura e diâmetro e biomassa acumulada assim como capacidade de aporte de serrapilheira ao substrato serão os parâmetros para sua validação. Uma vez reconhecidas serão utilizadas como condicionadoras para a melhoria da fertilidade do substrato.Os parâmetros a serem acompanhados e monitorados serão a meso e macro fauna do solo, o aumento da fertilidade do solo, biomassa microbiana C e N, colonização por FMA e o recrutamento das espécies da flora local dentro dos experimentos.


 

Ø 11.2002.044-02 - Caracterização de espéciesleguminosas adaptadas a solos compactados e salinos

Subprojeto coordenado pela Universidade Federal de Viçosa


 

Ø 11.2002.044-03 - Monitoramento ambiental em áreas sob processo de reabilitação

Resumo:

A perda das camadas férteis do solo por erosão ou remoção para exploração do subsolo caracteriza-se como um dos estágios extremos no processo de degradação. Na atividade de mineração ou em áreas de empréstimo de solo ocorre a retirada destes horizontes. Várias abordagens podem ser feitas com o objetivo de repor alguma forma de vegetação à estes sítios degradados, inclusive por se tratar de uma exigência legal. Constata-se na maioria dos projetos brasileiros de recuperação de áreas degradadas uma grande preocupação em se estabelecer uma vegetação inicial, nem sempre em harmonia com a paisagem local ou capaz de atingir a sustentabilidade. O estudo em pauta propõe investigar, em áreas de mineração de bauxita e ouro, situadas em Porto Trombetas - PA, Barcarena - PA e em Paracatu - MG, e em áreas de encostas degradadas no Estado do Rio de Janeiro, a possibilidade de compatibilizar técnicas de rápido recobrimento do solo com os mecanismos naturais de sucessão ecológica. Desta forma se, investigarão diferentes composições vegetais, já estabelecidas, quanto aos requisitos iniciais de proteção do solo, aporte de material orgânico, e melhoria do ambiente em geral, e em um segundo estágio permitindo o aparecimento e o desenvolvimento sucessional de espécies nativas mais exigentes em termos de solo e microclima. Com esses objetivos serão estudadas áreas de rejeito de bauxita e ouro desde o ponto inicial de deposição do material. Nestas parcelas se estudará a regeneração natural, a estrutura fitossociológica e as melhorias no ambiente edáfico. Além disto, se fará um diagnóstico de diversas áreas revegetadas com diferentes leguminosas arbóreas no Estado do Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Niterói, Ilha Grande e Seropédica, de forma a detectar aqueles locais, nos quais os mecanismos de sucessão natural foram mais beneficiados, e quais as possíveis razões, e entre diversas espécies florestais testadas em taludes quais se mostraram mais adequadas para estabilização do substrato, e os efeitos destas coberturas vegetais sobre o substrato.

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